quinta-feira, dezembro 28, 2006

.amor correspondido - 1996.

Danilo.
Eu tinha 16 anos quando o conheci, no colégio, eu fazia o terceiro ano e fomos apresentados por uma amiga em comum. No começo a gente conversava sobre bandas de rock, sobre skate, mas não demorou muito para as brincadeirinhas a respeito do meu porte físico começarem. Pigmeu, era assim que ele me chamava.
E do mesmo modo como as brincadeirinhas começaram, a intimidade também cresceu. Eu sempre tive um problema com meninos 'diferentes' sabe...eu me apaixono por eles.
E pelo Danilo, ou melhor, pelo Nico a não foi diferente. Mesmo com as brincadeiras idiotas a respeito da minha altura nada avantajada, eu secretamente arrastava um bonde por ele. Passava o intervalo no pátio, escrevendo num diário que ele vivia tentando ler e eu nunca deixava; já ele adorava chamar minha atenção de maneiras toscas, como desamarrar meu tênis ou puxar meu cabelo. Viva a adolescência.
A gente sempre voltava juntos da escola, a minha casa ficava no caminho que ele fazia pra ir pra dele, nos despedíamos na esquina da minha rua, ele batia com a mão no topo da minha cabeça e repetia "Você não vai crescer não?", daí eu subia na guia . Ele ria e eu era invocada.
Na semana do dia dos namorados, qdo eu subi na guia, o que eu mais esperava aconteceu: finalmente o Nico me deu um beijo. Ai meu Deus, se a minha mãe me pega beijando esse menino com cara de doido bem aqui na esquina! Saí meio fugida, meio querendo outro beijo, meio com pressa, meio com vergonha e MUITO feliz.
Nos dias que se seguiram, o Nico me evitou na escola. Mal chegava perto de mim, nem pra conversar, nem pra desamarrar meus tênis. Fiquei com medo, mas que droga, justo agora que eu achava que ele também fosse afim de mim?! Resolvi que não iria mais passar o intervalo no pátio, escreveria no meu diario dentro da sala de aula. Já que ele não queria falar comigo, eu iria manter toda distância possivel.
Passou um tempo. Eu me formei, ele mudou de escola. No restante daquele ano, a gnt ainda se falou algumas vezes, mas parece que nunca mais foi a mesma coisa. No ano seguinte, eu comecei a trabalhar e encontrei com ele na rua algumas vezes e então voltamos a nos falar por telefone.Alguns anos depois, uma conversa:
- Danilo, vou te confessar uma coisa, lembra o nosso tempo de colégio? Então, eu gostava de vc, acredita?
- E pq vc não me contou?
- Pq eu achava que vc não gostava de mim, oras!
- Mas eu gostava!
- E pq vc nunca me contou também?!
- Pq eu achava que vc não gostava de mim!! Vc se afastou depois que a gnt ficou!
- Foi vc que ficou estranho comigo!!
- Eu tava com medo, vc saiu correndo! Eu sempre gostei de vc, sua besta!
- E eu de vc!

Depois disso, a gnt voltou a ser muito amigo um do outro. Nunca mais ficamos, sequer demos um abraço mais demorado, mas foi quando eu aprendi que nem tudo é o que parece ser. A paixão adolescente virou um companheirismo, uma amizade incrível, fui vocalista da banda dele por alguns ensaios, fiz um "oh" a cada tatuagem e hoje tenho ele como um irmão, um irmão que me deu uma sobrinha linda. O nome dela? Yasmin. O mesmo nome da minha irmã.

Um comentário:

Anônimo disse...

mimimi