Continuação das minhas peripécias na terra da baguete...
Comida! Allez manger!
Tem gente que vai pra Europa e volta frustrado dizendo que lá a comida é pouca e cara. Mentira!
Pelo menos nos restaurantes que eu fui, os pratos eram sempre muito bem servidos (em quantidade e qualidade). Claro que um jantar para duas pessoas nunca saía por menos de 50 euros, mas valeu a pena.
"Ah, mas lá não tem arroz feijão igual o daqui..." Ainda bem né? Já pensou vc gastar uma puta grana atravessando o Atlântico e ao chegar lá se depara com as mesmas coisas que temos aqui? Pfvr gente.
Tive um episódio engraçado envolvendo comida. Fomos almoçar num restaurante no 4ème e o plat du jour era nada mais, nada menos que o glorioso BIFE. Eu nem li o que tinha de acompanhamento, entramos e eu já logo pedi o bifão pro garçon (ah, não fui maltratada por nenhum garçon, contrariando mais uma vez o que todo mundo fala sobre Paris). O garçon me explicou que aquele bife que eu tinha pedido vinha acompanhado de um molho à base de foie gras.
- Moço, desculpa, mas eu não gosto de fígado de jeito nenhum, nem de ganso, nem de boi, nem de gente.
- Moça, fique tranquila, o molho não tem o sabor forte do foie gras...
- Mas eu não quero!
- Mas vc já comeu?
- Não. Mas não quero (marrenta)
- Então vamos fazer um acordo: eu trago uma amostra do molho agora. Se vc gostar, eu sirvo o bife com molho. Se não gostar, o bife vem sem molho.
- D'accord! - e quando ele saiu de perto eu fiquei pensando com meus botões "Certeza que eu não vou gostar disso, eca, que nojo, foie gras blablabla.."
Volta o garçon com uma xícara de café com o bendito molho amarelo feio e uma cesta de pães. O Steve e o Stephan até pararam de comer só pra ver a minha cara quando experimentei o molho.
Nem preciso contar que estava delicioso né? Tbm não preciso contar que eu comi o bife inteiro com molho e tudo e ainda saí de lá amiga do garçon, dando tchauzinho, au revoir, à bientôt.
Tapão na minha cara. Pior que eu ainda sonho com o molho, mas duvido que consigo fazer igual aqui em casa...
Já com o escargot não foi tão legal. Eu comi, mas achei que parecia mais com borracha temperada com manteiga... bem sem graça. Legal mesmo foi numa feira de domingo na Bastille, que a gente comeu ostras.
Pois é, na feira aqui na rua de casa a gente come pastel, e lá em Paris tem as barracas de ostras. Nem acreditei quando eu vi... comi tanto que achei que fosse dar dor de barriga.
Vários tipos de ostras para escolher
"Qual eu pego?"
Stephan registrando o momento pra posteridade
Miammmmm
Aos domingos o pessoal vai numa kebaberia (que eu não lembro o nome) que é a mais famosa de Paris. Nem preciso contar que fica no bairro judeu, o Stephan levou a gente lá - ele é judeu e conhece tudo ali no gueto dos juïfs. E aí que eu tava com a maior fome do Brasil - não pera - maior fome da França e já mandei ver no lanchão dos campeões. Kebab, sdds.
O lanche é maior que a minha cara, dá pra mergulhar nele.
Eu me dei bem nesse negócio de comida tbm pq o Stephan é chef de cuisine, daí quando a grana ficou curta, ao invés de sair pra jantar, a gente comprava tudo no mercado e ele preparava o jantar em casa.
Nem preciso dizer que não sobrava nada nas panelas, tenho um monte de foto dos pratos, mas não vou publicar pq isso aqui não é o Instagram. Por hora, vai uma foto do melhor macaron do mundo (s.i.c. alguma revista dessas que elegem as melhores coisas do mundo), é também o mais famoso, o mais caro e é o unico que eu já comi na vida.
Macarons da grife "Pierre Hermés", compramos na Galerie Lafayette. Très bon!
Poutine na França? Não lembrava nem de longe a poutine do Canadá, mas deu pra matar a vontade...
Compras!
Claro que eu comprei um monte de coisas do tipo que vc espera que uma mulher compre : maquiagem, perfume, sapato, roupa, kit manicure, shampoo e por aí vai, mas o episódio engraçado (sempre tem um) envolvendo compras aconteceu quando eu fui comprar livros.
Essa minha mania nerd de querer ter livros de laboratório em francês me levou a tantas livrarias em Paris que eu perdi a conta de quantas eu visitei. Até que uma alma bondosa - vendedor da Fnac - disse que seria mais fácil encontrar os livros que eu queria na livraria da faculdade de medicina. E lá fomos nós, rumo à Faculté de Médecine de Paris. Aí sim o olho brilhou. *-* Fui direto na sessão "Laboratoire" e comecei a tirar tudo da estante e fazer uma triagem do que era mais ou menos interessante pra mim... eis que a prateleira onde eu estava mexendo era uma das ultimas, quase no chão e eu tava com o joelho apoiado nela, agachada, dando os livros pro Stephan segurar quando eu tirei um livro mais pesado e....
Ai que vergonha!!! A prateleira caiu e os livros que estavam em cima dela ficaram todos esparramados pelo chão e aí veio vendedor correndo de tudo que era lado pq fez o maior barulhão e todo mundo me perguntando se eu tinha me machucado e nessa hora eu até esqueci como dizer "não" em francês e fiquei com vontade de chorar e sair correndo e o Stephan tão calmo que me deu vontade de bater nele que nem tinha culpa de nada, quando eu finalmente sentei no chão no meio daquele monte de livros e comecei a rir pq também não sobrou muito o que fazer. Eu bem tentei ajudar os vendedores a reorganizar tudo, mas eles disseram que tinha uma ordem X pra botar os livros de volta e que eu nem precisava ajudar. Quando eles recolocaram a prateleira no lugar, viram que faltava uma peça e foi por isso que caiu tudo daquele jeito. No final deu tudo certo e eu comprei 4 livros. A unica foto de livraria que eu tirei foi essa aqui, da Shakespare and Company, que só tem livros em inglês. Recomendo o lugar, parece uma viagem no tempo, um daqueles lugares onde vc passaria o dia inteiro sem perceber...e sem derrubar nenhuma prateleira, pfvr/svp.
O cartaz embaixo do toldo tinha homenagens de amigos e parentes do antigo dono da loja, falecido naquele mês. A filha dele é quem toma conta da loja atualmente, loja que é praticamente um ponto turístico do Quartier Latin.
Próximo capítulo: Franceses/as , Baladas, a chegada do Stephan, a partida do Steve.
À demain.
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quinta-feira, janeiro 24, 2013
sábado, janeiro 19, 2013
Paris
De repente me dei conta que nunca escrevi sobre nenhuma das minhas duas viagens. Que coisa. Tem um milhão de posts sobre meus dias todos iguais e nenhum post sobre as melhores semanas que eu já tive na vida. Como assim né ?
Acho que o sonho de todo mundo que estuda francês na vida é ir à Paris. Cronologicamente falando, não foi a minha primeira viagem, o primeiro solo francófono que eu pisei foi no Canadá, Québec. Talvez eu devesse começar falando dessa viagem, mas não vai dar. Tem uma mágoa engasgada que eu ainda não consegui esquecer completamente, mas eu juro que quando tiver superado isso vou fazer um post cheio de fotos de Montréal, Ville de Québec etc... Parece bobeira, mas essa semana eu assisti um curta ( http://www.myfrenchfilmfestival.com/fr/movie?movie=35018 ) que parecia uma filmagem das minhas férias no Canadá. Do tipo "inspirado em" ou "roteiro adaptado". O dia que eu não chorar mais assistindo esse filme, vai ser a hora de escrever sobre lá. Por enquanto, vou esparramar aqui as lembranças de Paris.
Claro que o Canadá estava presente nessa viagem também, consegui convencer o Steve a me acompanhar na trip to France. Não, ele não foi meu par romântico nesse filme, mas foi a melhor companhia que eu poderia ter escolhido. Eu achava que meu encontro com Steve seria num bar canadense em um futuro não muito distante, mas ao invés disso o encontro se deu no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Oh lala!
Ele chegou uma hora adiantado e ficou me esperando no desembarque. Engraçado como algumas pessoas se tornam instantaneamente intimas, ver o Steve ali me esperando foi como ver algum amigo da faculdade, ou do trabalho, alguém corriqueiro na vida de quem você gosta muito sabe? Sem constrangimento nem timidez, começamos a contar sobre o vôo e tratamos de achar um lugar no aeroporto onde pudéssemos comprar as passagens pro trem que vai pra uma estação em Paris tipo a Sé aqui em SP, que sai metrô pra tudo que é lado (a diferença é que lá tem mais de 20 linhas de metrô né!)
Mapa do metrô de Paris aqui: http://rotasedestinos.files.wordpress.com/2007/11/metro-paris.jpg
Parecia um sonho. Quer dizer... se fosse no meu sonho todas as estações teriam escada rolante e eu não teria me perdido na estação Châtelet, muito menos teria alugado um apartamento no 4° andar de um prédio sem elevador. Nem todos os prédios em Paris tem elevador, pq são construções antigas e não dá pra meter um elevador num prédio desses, então imagina que as escadas pareciam infinitas e eu tinha uma mala de 300kg cheia de casacos e botas (mentira, eram só 13kg, mas parecia 300!)
O apartamento é esse aqui, cabem 3 pessoas : https://www.airbnb.com.br/rooms/191205
Tudo muito bom, a localização do apê era perfeita: em frente ao metrô Arts et Métiers e de uma padoca maravilhosa, no outro quarteirão tinha Carrefour (que é um mercadinho minusculo tipo quitanda, nada a ver com esse Carrefour que a gente tem aqui), na outra esquina tinha uma lanchonete que serve um hamburguer dos campeões e na frente da lanchonete adivinha? Um Laboratório de Análises Clínicas. Eu deveria ter levado um curriculo lá!
Vista da janela da sala: Padoca e estação de metrô Arts et Métiers.
A estação por dentro parece um submarino, é a única que tem esse formato, muito legal!
Os 5 primeiros dias eu e o Steve tratamos de turistar e dormir. Só. Ele fazia o café da manhã, eu lavava a louça, e depois rua, simples assim. Lembro que no segundo dia a gente foi passear e no final da noite enchemos a cara de cerveja num pub no 4ème (os bairros em Paris são divididos por números, eu estava no 3ème, o famoso Marais "Eu sou pobre pobre pobre de marré marré marré"), mas ao contrário do que a musica diz, no Marais só mora rico - é o bairro judeu de Paris - aliás é o único bairro em que o comércio funciona aos domingos (por razões óbvias), até as lojinhas dos made in China funcionam aos domingos nesse bairro, mesmo que o Sr.Xing-Ling não seja judeu. Ah, vai dizer que vc achava que em Paris não existia lojinha de chinês?
Peculiaridade é o que não falta nessa cidade linda. Parece clichê, mas Paris é tudo isso que todo mundo fala e MUITO MAIS. A porta do vagão do metrô tem maçaneta. Se vc vai sair, tem que abrir o trinco...
Tô em Paris gente!
Eu congelando no frio de 2°C e o Steve sentindo a brisa leve, afinal ele é um urso polar canadense e eu um pinguim brazuca. Que saudade dele!
O Steve foi ao Louvre, mas eu só tirei essas fotos do lado de fora e me mandei pra Galerie Lafayete (http://www.galerieslafayette.com/ ) com o Stephan (meu par romântico nesse filme), ele me levou pra conhecer a Galerie e eu parecia uma criança na Disney, nem sabia pra que lado ia primeiro. Todas as marcas chiques ali, custando mais caro do que vc pode imaginar. Tem um stand da Melissa lá dentro, e uma sapatilha que aqui a gente paga 80 reais, lá custa quase o triplo. C'est chic? P-e...
Próximo capitulo: Comida, Compras, Franceses/as , Baladas, a chegada do Stephan, a partida do Steve.
À demain.
Claro que o Canadá estava presente nessa viagem também, consegui convencer o Steve a me acompanhar na trip to France. Não, ele não foi meu par romântico nesse filme, mas foi a melhor companhia que eu poderia ter escolhido. Eu achava que meu encontro com Steve seria num bar canadense em um futuro não muito distante, mas ao invés disso o encontro se deu no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Oh lala!
Ele chegou uma hora adiantado e ficou me esperando no desembarque. Engraçado como algumas pessoas se tornam instantaneamente intimas, ver o Steve ali me esperando foi como ver algum amigo da faculdade, ou do trabalho, alguém corriqueiro na vida de quem você gosta muito sabe? Sem constrangimento nem timidez, começamos a contar sobre o vôo e tratamos de achar um lugar no aeroporto onde pudéssemos comprar as passagens pro trem que vai pra uma estação em Paris tipo a Sé aqui em SP, que sai metrô pra tudo que é lado (a diferença é que lá tem mais de 20 linhas de metrô né!)
Mapa do metrô de Paris aqui: http://rotasedestinos.files.wordpress.com/2007/11/metro-paris.jpg
Parecia um sonho. Quer dizer... se fosse no meu sonho todas as estações teriam escada rolante e eu não teria me perdido na estação Châtelet, muito menos teria alugado um apartamento no 4° andar de um prédio sem elevador. Nem todos os prédios em Paris tem elevador, pq são construções antigas e não dá pra meter um elevador num prédio desses, então imagina que as escadas pareciam infinitas e eu tinha uma mala de 300kg cheia de casacos e botas (mentira, eram só 13kg, mas parecia 300!)
O apartamento é esse aqui, cabem 3 pessoas : https://www.airbnb.com.br/rooms/191205
Tudo muito bom, a localização do apê era perfeita: em frente ao metrô Arts et Métiers e de uma padoca maravilhosa, no outro quarteirão tinha Carrefour (que é um mercadinho minusculo tipo quitanda, nada a ver com esse Carrefour que a gente tem aqui), na outra esquina tinha uma lanchonete que serve um hamburguer dos campeões e na frente da lanchonete adivinha? Um Laboratório de Análises Clínicas. Eu deveria ter levado um curriculo lá!
Vista da janela da sala: Padoca e estação de metrô Arts et Métiers.
A estação por dentro parece um submarino, é a única que tem esse formato, muito legal!
Os 5 primeiros dias eu e o Steve tratamos de turistar e dormir. Só. Ele fazia o café da manhã, eu lavava a louça, e depois rua, simples assim. Lembro que no segundo dia a gente foi passear e no final da noite enchemos a cara de cerveja num pub no 4ème (os bairros em Paris são divididos por números, eu estava no 3ème, o famoso Marais "Eu sou pobre pobre pobre de marré marré marré"), mas ao contrário do que a musica diz, no Marais só mora rico - é o bairro judeu de Paris - aliás é o único bairro em que o comércio funciona aos domingos (por razões óbvias), até as lojinhas dos made in China funcionam aos domingos nesse bairro, mesmo que o Sr.Xing-Ling não seja judeu. Ah, vai dizer que vc achava que em Paris não existia lojinha de chinês?
Peculiaridade é o que não falta nessa cidade linda. Parece clichê, mas Paris é tudo isso que todo mundo fala e MUITO MAIS. A porta do vagão do metrô tem maçaneta. Se vc vai sair, tem que abrir o trinco...
Tô em Paris gente!
Eu congelando no frio de 2°C e o Steve sentindo a brisa leve, afinal ele é um urso polar canadense e eu um pinguim brazuca. Que saudade dele!
O Steve foi ao Louvre, mas eu só tirei essas fotos do lado de fora e me mandei pra Galerie Lafayete (http://www.galerieslafayette.com/ ) com o Stephan (meu par romântico nesse filme), ele me levou pra conhecer a Galerie e eu parecia uma criança na Disney, nem sabia pra que lado ia primeiro. Todas as marcas chiques ali, custando mais caro do que vc pode imaginar. Tem um stand da Melissa lá dentro, e uma sapatilha que aqui a gente paga 80 reais, lá custa quase o triplo. C'est chic? P-e...
Próximo capitulo: Comida, Compras, Franceses/as , Baladas, a chegada do Stephan, a partida do Steve.
À demain.
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