Saiu do carro pra jogar fora a lata de refrigerante na lixeira do estacionamento, olhou pra ele lá dentro, segurando no volante como se fosse cair, meio capenga, meio bobo. Ela volta e bate a porta, apóia o queixo nos joelhos.
- Eu adoro esse teu jeito.
- Que jeito?
- Não sei.
Ela riu. Não sabia se ria da cara dele ou da cafonice do diálogo, mas sentiu vontade de abraçá-lo e agradecê-lo por ter enxergado nela alguma coisa que não fosse simplesmente engraçada. Ela sabia a que jeito ele se referia e não era engraçado. Não abraçou. Ele quis falar em namoro.
- Não fala em namoro aqui, não me deu sorte da última vez- mas não contou que da última vez ela não gostava do cara. Deste ela não sabia se gostava ou não, ou gostava e não queria admitir, na cabeça dela era a mesma coisa. - A gente não tem nada a ver, eu juro que não sei pq eu saio com vc.
E não tinham mesmo nada a ver. Sozinha, ela fazia listas imaginárias, dava a si mesma motivos razoáveis e idiotas pra não ficar com aquele cara que "adorava o jeito dela". Mas continuava.
Um dia ela resolveu admitir.
Brigaram e romperam.
Um comentário:
Bonito texto, Mel.
Postar um comentário